sábado, 4 de março de 2017

NÃO JULGAR

Não julgar… é fácil de dizer e difícil de praticar!
A vida é uma longa ou curta caminhada
que deve ser de ascese e crescer constantes
que acabam por ser intermitentes
pois não obstante os esforços dispendidos,
só em pequenos momentos
serão em pleno atingidos.

Dizemos que é urgente não julgar
e nem sequer nisso nós pensamos
mas a todo o momento,
inexplicavelmente, nós julgamos:
julgamos o bom e o mau,
o grande e o pequeno,
o bonito e o feio, o rico e o pobre,
o palhaço brincalhão e o impertinente nobre,
a delinquência do desprovido
e a prepotência do sabichão enaltecido,
o roto, sujo e esfarrapado
e o ajeitadinho, elegante e bem cuidado,
o mal cheiroso e o perfumado,
o que enche a boca com frases disparatadas
e o que se compraz de as fazer bem estruturadas…

Julgamos o que, desnudado, vagueia pelas ruas,
e o que, com ou sem gosto, se acoberta por demais
deixando visíveis os olhos e nada mais…

Nós julgamos o que tudo faz para tudo ter com dura lida…
e o que nada faz para alcançar algo na vida…

Nós julgamos o egoísta e o caridoso,
o alto e o baixo,
o de rosto tratado ou rugoso,
o loiro de olhinhos azuis
e o moreninho de cabelos acastanhados,
o que usa trancinhas e travessões
e o que rapa o cabelo para não ter que se pentear,
a que pinta os lábios e dá brilho e esplendor ao seu cabelo
e a que tem as unhas sujas de tanto trabalhar…
porque… é porcaria e desmazelo!...

Julgamos o que usa fraque e tramelinho,
e o de calças de ganga
com pequeno ou grande buraquinho…

Irra!... Tanto julgar não dá para entender!
Será que não há mais nada para fazer?

E porque não tentar… para acabar
com todos estes julgamentos desleais…
aprender a julgar, sim,
mas cada um a si mesmo e nada mais!
Julgar a fundo todo o seu potencial
para encontrar formas
de destruir em si tudo o que é mal
e desenvolver mais e melhor o que bom for
e leve ao respeito mútuo e mútuo amor!...

Seria bom para dar fim ao que é tormento
neste mundo belo e acolhedor
escasso de momentos e de tempo…
e acabar com o desengano e desamor
que enche as vidas da mais imensa dor
e mal-entendidos que só causam sofrimento!

Hermínia Nadais


Torreira, 2012/06/29 – 17 10h

1 comentário:

Silenciosamente ouvindo... disse...

Não julgar, seria mtº. bom, mas penso
que é o contrário que sucede.
As relações entre os humanos não está
nada fácil.
Um texto a merecer a reflexão.
Gostei de o ler.
Bjs.
Irene Alves