segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Livra-me

Livra-me

Livra-me de mim
De me ver assim
Parada no tempo
Parada no espaço
Parada na vida
Parada na lida
E cheia de cansaço.

Livra-me de mim
Deste dia incerto
Deste céu gelado
Deste mundo errado
Deste peito aberto
De tanta aflição
Por ter de aceitar
O que mais magoa
Qualquer coração.

Hermínia Nadais

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

O OUTRO

O OUTRO

Quem é o outro? Não sei!
O outro?!...
Talvez eu...
Talvez eu seja o meu outro,
quando tento friamente
olhar-me bem
de fora para dentro,
e num momento
posso constatar
o bem ou o mal
que faço em minha vida
pelo mundo em pedaços
repartida,
e na busca do outro
para sempre
completamente
consumida...

Sim!
Sem sombra de dúvida
eu também sou
o meu outro!...
Mas... o meu verdadeiro outro
será sempre
o que vive a meu lado;
na minha família
no meu trabalho
no meu bairro
na minha aldeia
na minha rua...
Será, também,
o que cruza comigo
no shoping
no bar da esquina
na festa ou romaria
na praia ou no campo
na escola
na música
ou na piscina.
Será, ainda,
aquele que nunca vi
e de quem nunca ouvi falar
mas sei que existe
para além do espaço
traçado em meu lidar.

O outro...
O outro será sempre
aquele de quem gosto
ou o que tremendamente
me horroriza;
o que me agrada
ou aquele que me escraviza;
o que me olha com carinho
ou friamente
despreza o meu olhar;
o que me ama
ou loucamente me odeia;
o que sorri para mim
ou me faz carinha feia...

Porque... em qualquer
ser...
homem...
ou mulher...
que irradie trevas
ou dê luz...
eu verei
com muito amor
o meu JESUS!...

Hermínia Nadais