Querido Santo Popular,
Junto de ti, a rezar,
O povo olha extasiado...
Pois Teu braço protector,
Cheio de força e amor,
Está sempre de seu lado.
Santo António nos guia,
Nos protege e alumia,
Quando tudo corre mal...
Ajuda-nos a escolher
O caminho a percorrer
Para nada ser fatal.
As moças jovens, solteiras,
Vão pedir, todas brejeiras,
Um noivo para casar...
O Santo pára, escuta,
E parte logo p'rá luta
Para o noivo encontrar.
Mas se não for felicidade
Para o casal, na verdade,
O Santo... finge esquecer!
Vive, p'ra dar alegria,
E nunca nada faria
P'ra tal não acontecer...
Se um animal adoece
O povo nunca se esquece
Reza logo a Santo António...
Se a pessoa anda azarada,
Aborrecida, chateada,
Ele a livra do demónio.
E há um "mundo" de orações
Que uns dizem supertições
Outros têm devoção...
O Santo, escuta o gorgeio,
Mas fica distante e alheio
P'rá todos deitar a mão.
Se algo é roubado... ou perdido...
Vão logo ao Santo querido
P'ra descobrir a contenda!
E como que por encanto,
Parece que a mão do Santo
Esses mistérios desvenda.
Não são só festas charmantes,
Alegres e estonteantes,
Que "O" fazem popular...
É que toda a gente sente,
Que está sempre presente
E pronto para ajudar.
Mas a época festiva,
Alegre e cheia de vida
De luzes, côr, alegria,
É marca que está presente
Dentro da alma da gente
Sua doce companhia.
Mocinhas, engalanadas,
Airosas e perfumadas,
Com seus pares, vão dançando,
Nas marchas que o povo faz...
Vão pedindo amor e paz
P'rós tempos que vão passando.
E numa continuação
Desta dançante oração
Vão dentro do Santuário...
Ouvir o António, "Doutor",
Que fala, com muito amor,
Pela boca do Vigário.
Do Vigário... ou do Prior;
Seja com que nome for
Que o Padre seja chamado,
Ele transmite, sem engano,
O que o Monge Franciscano
Ensinou por todo o lado.
E pelas ruas da cidade
Repleta de felicidade
Com foguetes a estalar,
Vão os andores enfeitados
Levando-"O" e aos "Convidados"
Na procissão, a passar.
E o povo, com emoção,
Acompanha a procissão
Do seu Santo Padroeiro,
Que é um Santo Popular,
A quem se reza a cantar,
Aqui... e no Mundo inteiro!...
Nasceu no Ano Sagrado
Eternamente lembrado
Mil cento e noventa e cinco,
Este que é do Mundo a Luz,
Imagem do Bom Jesus!...
Todos sabem que não brinco.
Lisboa é quem viu nascer,
Saltar pular e crescer...
O "Fernando de Bulhões",
Que mudou o nome p'rá António
P´ra se livrar do demónio
Segundo as tradições...
O povo... é que assim o diz;
Mas... o que Fernando quis,
Foi dedicar-se ao Senhor!
Logo com dezasseis anos,
Foge do Mundo de enganos
Para onde achou melhor.
Nasceu de família nobre
Mas quis viver como pobre
Imitando o amado Cristo;
E numa total doação
Ele prega e faz oração
Tal como fez S. Francisco!
Hábito de Cónego vestiu,
Santo Agostinho seguiu,
Em S. Vicente de Fora...
P'ra ter estudos superiores
Foi p'ra Coimbra dos Doutores
Logo a seguir, sem demora.
Nessa cidade estudou
Sacerdote se tornou
E aos "Franciscanos" se deu!
Tomou o nome de António,
Nada a ver com o demónio
Mas com a vida que escolheu.
Os Santos Mártires seguiu
Relíquias de Marrocos viu
Um dia a Coimbra chegar...
Pleno de nobres ideais
Deixa logo os Olivais
P'rá Fé de Cristo espalhar.
Para a África caminhou
E o coração desejou
A vida por Cristo dar;
Pouco após ficou doente
E teve que, de repente,
Ao seu país regressar.
Mas o mar se encrespava
E a tempestade o levava
Para a ilha da Cicília;
Dali à Itália passou
E m Pádua se fixou
Bem longe da sua família.
Nesse lugar tão distante
P'rá António, o mais importante,
Os seus dotes de Orador!...
Destinado à pregação
À França vem, por missão
De pregar o Deus de Amor.
S. Francisco tem a morte,
E Santo António, por sorte,
Regressa a Itália de novo;
E a Sagrada escritura
Prega, com muita ternura,
Não esquecendo o mal do povo.
Proclama a abolição
Dos presos que, na prisão,
Têm dívidas p'ra pagar;
Defende os desamparados
Que da mão dos desalmados
Não se conseguem livrar.
Nos sermões, frequentemente,
Defendia, ardentemente,
Praticar a caridade...
E a sua pregação
Lhe sobe a reputação
E fama de santidade.
E dele muito se fala,
O povo nunca se cala
De contar suas versões...
E há um número de aventuras
Ligadas nestas ternuras
Que existem nos corações.
"António, não quererás crer
Que ao teu pai irás valer,
Ele está a ser injustiçado...
Livra-o da triste sorte
Que o vai levar à morte
P'la mentira dum malvado."
António, com emoção,
Manda que antes do sermão,
Se reze uma Avé-Maria;
E para acudir ao pai
Não sei como, mas ele sai
Escutando a voz que o guia.
Vem de Pádua a Lisboa
P'ra livrar seu pai da loa
Que lhe estavam a tramar...
Enquanto o povo, que o via,
Rezava a Avé-Maria,
E chega antes de acabar.
E pelo tempo que passou
A Igreja comemorou
Este gesto encantador,
Rezando a mesma oração,
Antes de qualquer sermão,
Com devoção e amor.
E quando António, um dia,
Pregar ao povo queria,
E não havia ninguém...
Chamou os peixes, por fim,
Falou p'ra eles, em latim,
E eles disseram: -Amém.
Isto são façanhas tais
Que ao serem vistas pelos mais,
Não são de compreender!...
O Santo, é "louco" de Amor,
E dando a Deus Seu louvor,
Recebe d'Ele o que quer.
Foi em Pádua que acabou
A vida d'Este que andou
No Mundo, espalhando o bem;
Seu nome lhe está ligado
Para sempre ser lembrado
Por esses tempos aquém.
Morreu a treze de Junho
Depois de dar testemunho
Do que sempre acreditou...
Trinta e seis anos Ele tinha,
Vida na terra, curtinha,
Mas que Ele eternizou.
Deus "O" cobriu de tal sorte
Que meses depois da morte
O Papa "O" canonizou!
E p'ra que lembrado seja,
"António, Doutor da Igreja",
Pio XII "O" declarou!
É que António, neste Mundo,
Procurou o mais profundo
Conhecer das escrituras;
E o Espírito Santo o encheu
Das maiores graças do Céu
Nesta vida de amarguras.
E a grande sabedoria
Que Santo António exprimia
No que alto apregoava,
Vinha da assimilação,
Da assídua meditação
A que O Santo se entregava.
-António! Tu que pedias,
Neste Mundo de arrelias
Por todos, com tanto ardor,
Continua a interceder,
Por quem a Ti recorrer
Junto de Nosso Senhor!
E os que vires perdidos,
Sós ou incompreendidos,
Ampara-os com Teu carinho...
Dá-lhes Tua protecção,
Segura-os com Tua mão,
Guia-os pelo bom caminho!...
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