Diz-se que o Homem é um
ser superior criado à imagem de Deus e formado por corpo e espírito, duas
partes distintas que se apresentam como um todo indivisível numa única
realidade muito complexa, o Ser Humano”, homem ou mulher.
Apesar dos vários retratos
que podemos fazer de cada “Ser Humano”, é difícil e mesmo impossível defini-lo
com exactidão.
O retrato físico funciona
como que o seu Bilhete de Identidade onde se destacam a estatura, rosto,
cabelo, mãos, voz, cor de pele, preferências pelos tipos de vestuário e formas
de vestir, e leva-nos a distinguir facilmente um indivíduo dos demais; as
características intelectuais, inteligência, memória, vontade, sensibilidade,
dada a sua interioridade são bem mais difíceis de reconhecer capazmente; o
retrato moral só poderá ser minimamente retirado a partir da análise
comportamental das qualidades e defeitos mais predominantes da pessoa, ou seja,
da suavidade, carinho, ternura, compreensão, irritabilidade, nervosismo, o que é
muito mais difícil de se averiguar; a espiritualidade ou forma como a pessoa encara
e vive a Fé no invisível e sobrenatural torna-se ainda mais difícil.
Mesmo observando e
analisando o homem o mais criteriosamente possível sob as mais diversas formas,
pelas mais diversas razões, nunca poderemos afirmar que conhecemos
profundamente seja quem for. O conhecimento exacto de uma criatura pertence
somente a ela própria e ao Seu criador.
Normalmente dizemos que
conhecemos tal ou tal pessoa só porque a sabemos distinguir das demais pelo que
nela nos ressalta imediatamente à vista. Mas a verdadeira verdade é que o
retrato físico e comportamental de uma pessoa, estritamente necessários para o
seu reconhecimento e identificação, são os menos importantes para o seu
conhecimento integral, porque o mais importante é sempre invisível aos olhos
humanos e somente visível com os olhos sensíveis do coração.
Para conhecermos melhor
uma pessoa não podemos limitar-nos a observá-la superficialmente, mas a partir
de uma análise mais profunda de todos os seus atos, feita com o maior amor,
carinho e compreensão, atitudes que só podem sair do coração. Mas mesmo assim,
nenhuma análise possível poderá mostrar a verdadeira realidade do ser, pois o
conhecimento exato de cada pessoa ultrapassa o conhecimento da própria pessoa,
é reconhecido apenas pelo Seu Criador, o único a que nada passa despercebido.
Os desentendimentos e desavenças
sociais são, antes de tudo, fruto da falta de conhecimento que cada um tem de
si mesmo e da falta de auto-domínio sobre as suas reacções inesperadas, e só depois
da falta de compreensão e aceitação adequada do comportamento das pessoas
circundantes.
Temos que aprender a ser sinceros!
Se é tão difícil descobrir e julgar os segredos do nosso próprio coração, como
poderemos imaginar estar à altura de compreender minimamente as atitudes das
pessoas com quem convivemos, por mais íntimas que nos sejam, julgando e odiando
tão desmesuradamente os seus comportamentos normais?!... Isto é
incompreensível!
Só com uma consciência
muito profunda de toda a nossa complexidade de homens ou mulheres e com uma
vontade muito forte de ultrapassar todas as barreiras das fraquezas próprias e
alheias, podemos minorar os desentendimentos e desencontros e tornar possível o
viver em paz connosco próprios e com quem connosco convive. E enquanto não
fizermos tudo para sermos realmente verdadeiros homens ou verdadeiras mulheres,
nunca poderemos vir a ser, concretamente, homens ou mulheres de Fé verdadeira.
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